Construção da trilha
Músicas selecionadas
1 - Hino GRES Unidos da Piedade.
2 - Tribos, DJ Sany Pitbull.
3 - Yaô, Edún Àrá Sangô.
…
1° Para compor a estrutura da nossa proposta sonora, vamos trazer o hino da Unidos da Piedade, escola de samba mais antiga do ES. Fazendo uma menção as nossas raízes ancestrais, raízes da sonoridade do samba, raízes culturais do povo negro.
Herdeira de blocos carnavalescos como o “Amarra o Burro” e o “Chapéu de Lado”, o seu nome surgiu do bairro Piedade, onde foi criada. Atualmente, a escola está localizada em Fonte Grande, no Centro de Vitória. A Unidos da Piedade foi oficialmente fundada em 15 de janeiro de 1955. A escola foi 15 vezes campeã do carnaval capixaba.
Hino: https://www.youtube.com/watch?v=2PIEKVBsI-c&ab_channel=LIESGEOFICIAL
2° Traremos o beat do DJ Sany Pitbull, canção Tribus, o seu som tem uma inspiração no funk dos anos 90/2000, espaço temporal que adotei para construir a dramaturgia sonora dos funks que vão transversalizar o trabalho.
Eu penso funk como uma semente que transborda das raízes dos candomblés e dos sambas. Quero no trabalho romper um estado ancestral “romantizado”, digo isso para àqueles que relacionam, nas artes da cena, que trabalhar com candomblés e dança afro é se restringe a sonoridade dos toques rituais. Defendo que podemos pensar o funk como um som que compõe a roupagem de um dramaturgia corporal inspirada nos orixás.
3° A música de Yaô. Essa canção possui uma letra que trata do ambiente que pertence aos muzenzas, aos iniciados, aos iaôs, a sua letra traz excelentes informações que contribuem para a leitura do espectador sobre a cena e as demais propostas coreográficas que traremos. Adotei ela para compor essa primeira música na intenção de tê-la como um facilitador do conjunto dramatúrgico que o espectador irá presenciar.
Para deixar a proposta de trilha com uma construção afrofuturista pensei em separar o instrumental da voz, utilizei um aplicativo que faz esse processo. Após escutar a música separada entre instrumento e voz, escolhi ficar apenas com a voz nesta edição, pois trouxe uma sensação de voz robotizada, eu gostei.
Outra questão, as leituras que fiz sobre os candomblés e sua relação com o som, traça uma trajetória cultural que foi extremamente interrompida pelos fluxos da colonização e da ocidentalização do pensamento, isso me provocou em construir propostas sonoras que também não tivesse um “harmonia”, que elas fossem retalhos, costuras, porque estamos falando de uma cultura do enfrentamento, da resistência, da luta, uma motriz cultural que sofreu dezenas de fissuras.
Neste primeiro momento do trabalho e no desenrolar da cena, queremos refletir como estamos recorrendo menos aos tratamentos da ervas e utilizando mais as sabedorias da medicina ocidental e da praticidade ofertada pelas farmácias.
Yaô: https://www.youtube.com/watch?v=ZuGOQQGC1Z8&ab_channel=Ed%C3%BAn%C3%80r%C3%A1Sang%C3%B4-Topic
Comentários
Postar um comentário